10 templos e santuários inusitados de Quioto

Uma das grandes atrações de Quioto é a grande concentração de templos e santuários, muitos inaugurados ainda no século 8, quando a cidade se tornou o berço de um Japão que ainda engatinhava e começa a desenhar os primeiros traços de sua cultura, arte e religião. Atualmente, a província da antiga capital abriga 2,446 templos budistas e 378 santuários xintoístas, segundo um levantamento de 2014 publicado pela Prefeitura de Quioto. Entre esses estabelecimentos, alguns são bem conhecidos de turistas, outros lugares de proteção e adoração dos moradores, e outros que chamaram a minha atenção por serem completamente diferentes e terem histórias curiosas a oferecer, mesmo elas sendo pouco divulgadas e muitas vezes nem entrando para os guias ou roteiros de viagem. E são exatamente estes que vou mostrar aqui. Aproveite para conhecer fatos inusitados de cada um deles e anotar para a sua visita pela cidade ficar ainda mais interessante. 


É tudo a mesma coisa? A diferença entre templos e santuários 

O budismo e xintoísmo são as duas religiões mais praticadas no Japão. A forma como essas elas surgiram e se fundiram séculos atrás nos deixa com um pouco de dificuldade para diferenciar uma da outra.Pode parecer contraditório, mas na contra-mão de muitas das práticas religiosas monoteístas, o xintoísmo e o budismo não exigem daqueles que os professam que sejam crentes ou praticantes muito menos que escolham apenas uma. Portanto, a ampla maioria participa de algum tipo de ritual xintoísta ao mesmo tempo em que também pratica o culto budista. Porém, há alguns fundamentos básicos que nos permite saber se estamos nos referindo ao budismo ou xintoísmo. Vamos a elas: 


Vida e morte

Devido ao conjunto de crenças das duas religiões, a maior parte dos eventos relacionadas à vida ficam a cargo dos rituais xintoístas, enquanto os eventos relacionados à morte ou à vida após a morte ficam sob os cuidados dos rituais budistas. Assim, muitos casamentos tradicionais são celebrados nos santuários, pais costumam batizar uma criança e desejar-lhes plenitude e vitalidade, ou celebrar seu nascimento ou algumas idades específicas, como 3, 5 e 7 anos de idade num templo xintoísta, enquanto os preparativos para um funeral e homenagem aos antepassados costumam ser ditados pela tradição budista.

Portanto, os japoneses costumam dizer que o xintoísmo celebra a vida enquanto que o budismo cuida da morte ou da vida após a morte, uma vez que é uma religião que acredita que a morte nunca é um fim, mas sim o começo de outra vida.

  

Arquitetura e crenças 

Os templos (em japonês, oterá ou ji) representam o budismo japonês, com raízes na Índia e da China. Seus edifícios são caracterizados por um portal de madeira, o sanmon, na entrada. Muitos templos têm um lugar específico para queima de incenso. É normal ver muitos visitantes acendendo e fincando os incensos em vasos, e logo em seguida abanando a fumaça em direção a cabeça, ou alguma outra parte do corpo que querem proteger ou livrar de doenças. 

Por sua vez, o xintoísmo, criado no Japão, é representado pelos santuários (em japonês, jinja) com estruturas coloridas e um portal (na maior parte das vezes de madeira vermelho ou concreto cinza) na entrada, chamado de tori. Os tori estão logo onde entramos porque é ele que separa o mundo dos homens do mundo dos Deuses. Ao passarmos por um tori estamos diante de um espaço sagrado. No xintoísmo “Deus” não é apenas um, mas sim milhares. E estão onipresentes na natureza, em forma de animais, árvores, pedras, rios e montanhas. As árvores sagradas ficam logo após os tori e possuem centenas de anos, elas são cercadas por cordas de palha de arroz trançadas enfeitadas com dobraduras de papel, para que sejam reconhecidas como deuses. 

Para entendermos um pouco a cultura japonesa, o Fushimi Inari Taisha, o santuário mais visitado de Quioto por 7 anos consecutivos antes da pandemia da Covid-19, segundo o Trip Advisor, exibe estátuas, plaquinhas de madeiras, lembrancinhas em formato de raposas, chamadas de Inari. Elas são os animais sagrados responsáveis pela proteção das plantações e fabricação de arroz. Antigamente o arroz exercia a função de moeda de troca, era o dinheiro da época. Por esse motivo o santuário de Fushimi Inari representa proteção ao dinheiro e negócios, atraindo não só visitantes do mundo todo como empresários em busca de prosperidade para seus negócios e pessoas procurando emprego, estabilidade financeira ou crescimento profissional.

Portal (Tori) vermelho e a raposa Inari guardiã do arroz, representando um dos deuses do xintoísmo, na entrada do santuário Fushimi Inari Taisha.

Amuletos em forma de Inari, a raposa que traz prosperidade. Visitantes levam os amuletos para casa e devolvem pro santuário de Fushimi Inari Taisha quando o pedido é realizado 



Alguns templos e santuários também são usados como área de treinamento para monges que estejam almejando tornar-se clérigos. Eles moram no local e cuidam da área enquanto oram e cumprem tarefas. Você pode ouvi-los cantando seus mantras em diferentes momentos do dia. Alguns também são bem acessíveis para conversar e realizam sessões especiais abertas ao público.

Ritual inicial

A tradição pede todo um ritual especial quando vamos visitar tanto um santuário quanto um templo. Logo na entrada curvamos nossas cabeças em sinal de respeito aos deuses e depois lavamos as mãos e enxaguamos a boca (cuidado para não beber a água) numa pia profunda feita de pedra.  Dizem que assim purificamos nosso corpo e alma, e os deuses ouvem melhor as orações, pedidos e agradecimentos. Toda a estrutura e mapa dos templos e santuários foram pensados exatamente para que as pessoas acalmem seus corações, se livrem de preocupações e energias do mundo de fora, tenham um contato mais profundo com o espiritual, permaneçam e saiam de lá tranquilos.  


Chamando os deuses

Depois de nos curvarmos, purificarmos o corpo e a mente é chegado o momento de conversarmos com os deuses. As duas religiões pedem que batemos palmas duas vezes na frente do hall principal antes de começarmos a orar. Ao batermos palmas emitimos um som que, segundo a cultura japonesa, serve para representar gratidão e alegria e invocar os deuses para que eles ouçam nossas preces, além de afastar os espíritos que fazem mal. 

Na frente do hall principal dos santuários xintoístas ainda encontramos uma corda longa com um sino na ponta. Ele funciona como uma campainha,  balançamos antes de batermos palmas para pedir licença ao entrar no mundo dos deuses e dizer que chegamos em suas casas.

Posso ir a qualquer hora? 

Os templos budistas abrem seus portões bem cedo, geralmente as 6h da manhã, e fecham entre 16h30 e 17h (em algumas ocasiões especiais abrem a noite com eventos especiais e até iluminações e instalações artísticas). Já a grande maioria dos santuários ficam abertos 24h por dia e você entrar sempre que quiser, alguns festivais acontecem principalmente no verão e começam de manhã e vão até noite adentro. 

Preciso pagar para entrar ? 

Não é uma regra, mas grande parte dos templos budistas cobram entrada, tanto os maiores e mais famosos, que atraem grande número de turistas, como o Kyomizudera, Kinkakuji (Pavilhão de Ouro), Ginkakuji (Pavilhão de Prata), Nanzenji quanto os menores e não tão conhecidos, como os que vou mostrar abaixo. 

Os santuários xintoístas não cobram entrada. Porém, para que sejam melhor administrados e mantidos os dois sugerem contribuições e doações em troca de algum serviço, como benção, celebração, purificação de pessoas e objetos ou produto, como amuletos pessoais e para casa e carro, placas de madeira com pedidos, papéis de sorte e chaveiros. 

Agora que você aprendeu o básico sobre templos budistas e santuários xintoístas vou apresentar os endereços mais curiosos de Quioto. 


1 - Um templo no topo de uma trilha secreta 

Localizado na cadeia de montanhas de Higashiyama, o templo Shogun-zuka carrega a responsabilidade histórica de ter dado origem ao que conhecemos atualmente como Quioto. Foi esse monte com mais de 20 metros quadrados de diâmetro que o imperador Kamu escalou quando estava procurando um novo local para estabelecer seu império, por volta do ano de 794. Quando chegou ao topo, não teve dúvidas: ali seria estabelecida a nova capital. Após a transferência, o imperador voltou ao local para pedir paz e harmonia para o novo coração de um país que ainda estava na fase inicial de sua formação. 

A vista no topo do Shogun-zuka. Foi aqui que o imperador decidiu transferir a capital de Nara e dar origem ao que conhecemos hoje como Quioto 


A área total do deck principal é de 1046 metros quadrados (4.6 vezes mais largo que a icônica varanda do famoso Kiyomizu dera)

Uma casa de chá de vidro transparente construída pelo arquiteto japonês Tokujin Yoshioka para a 54ª Bienal de Veneza (2011). De 2015 a 2017 ela ficou em exposição no deck principal do Shogun-zuka. Atualmente faz parte do acervo do Centro Nacional de Arte, em Tóquio. 



Assim que o templo fecha é o momento para andar até o mirante ao lado e acompanhar o pôr do sol e as luzes se acendendo enquanto a noite toma conta da cidade

Trilha na subida até o Shogun-zuka 

O acesso por transporte público é feito por um único ônibus que sai o lado da estação de Sanjo. Ele encerra as viagens no final de tarde. Depois disso, só de carro ou a pé. Eu sempre vou caminhando por uma trilha de 15 a 20 minutos que começa no templo Chion-in e termina exatamente na entrada do templo. Se você ficar para o pôr do sol e as luzes da noite terá de voltar a pé pela estrada ou pela trilha na floresta, o que não é muito recomendado. O melhor é combinar com um taxista a volta ou ir de carro. Se quiser curtir o templo e a trilha, volte antes do sol se por. 

Localização: 28 Zushiokukachocho, Yamashina Ward, Kyoto, 607-8456

Horário de funcionamento: 9:00 - 17:00 (até 21:30 durante iluminação especial de primavera e outono)

Ingresso: 500 ienes 

2- Dragões tomando todo o teto do prédio das cerimônias budistas

É no encontro das ruas Hanamikoji e Shijo, no final da área mais famosa do bairro de gueixas de Gion que encontramos o Kenninji,o templo zen mais antigo de Quioto. Ele foi fundado em 1202 pelo monge Eisai, que também foi o responsável por plantar as primeiras sementes de Camelia Sinensis em território nipônico, dando origem ao chá verde japonês.

O espaço contém tudo o que o zen budismo manda: paz, calma, tranquilidade, obras com ensinamentos filosóficos, tesouros nacionais históricos, muito verde, uma arquitetura de brilhar os olhos e um jardim de pedra. 



Dentre esses atrativos, uma pintura impressionante pode passar despercebida se não olharmos para cima. É ocupando todo o teto do salão de cerimônias que estão dois dragões gêmeos enormes. Quando a obra foi encomendada para comemorar os 800 anos do templo, o artista Koizumi Junsaku se viu perante a dois grandes desafios. O primeiro era, aos 77 anos e toda uma carreira baseada em pinturas de flores, paisagens e produção de cerâmica, ter que criar dragões. O segundo, era onde iria achar um lugar amplo o suficiente para pintar uma obra de 11,4m X 15,7m antes de ela ser levada para Kenninji.

Os dragões gêmeos representam as forças da natureza. O com a boca aberta representa a vida, o com a boca fechada, a morte

 

O primeiro dilema foi resolvido com uma grande vontade de superar seus limites e com muito estudo sobre a cultura chinesa e o zen budismo. A segunda solução foi encontrada apenas no interior de Hokkaido, extremo norte do país, muito mais próximo da Rússia do que de Quioto. O pintor pegou emprestado o ginásio de uma escola primária desativada para realizar todo o processo, que levou dois anos pra ser concluído. Tão imensa, a obra foi dividida em partes para poder ser enviada até Quioto. 

Localização:


Como chegar:

Trem:

A estação de metrô mais próxima é a Gion-Shijo da linha Keihan. Ande pela rua Shijo até chegar à rua Hanamikoji, onde uma imponente casa de chá de gueixas (Iciriku) nas cores escarlate e preta ocupa boa parte da esquina e entrada do bairro. Caminhe reto por toda a rua até o chegar no seu fim, onde um dos portões do Kenninji está localizado.

Ônibus:

Partindo da Estação de Quioto, é possível pegar alguns dos seguintes ônibus, 100, 12, 46, 202, 206 e 207 e descer na parada Gion. E realizar o mesmo trajeto ao avistar a casa de chá mencionada acima. 

Entrada: 500 ienes

Horário de funcionamento: 10h – 17h (Março a outubro) e das 10h – 16h30 (Novembro – Fevereiro)


3- Um buraco para trazer alívio - Yasui Konpira-gu 

Apesar de existir desde o ano de 670 foi só em 2017 que uma pedra de 1.5 metros de altura e 3 metros de largura com um buraco no meio do pátio do santuário de Yasui Konpira-gu se tornou sensação entre os turistas japoneses. Pessoas de diversas partes do país começaram a visitar o lugar para fazer algo um tanto quanto divertido e inusitado. A atração tem nome e se chama A pedra dos Relacionamentos. O ritual é simples: passar engatinhando pelo buraco pensando nas relações que quer cortar, que pode ser tanto vividos pelo próprio visitante ou por pessoas que o afetam direta ou indiretamente (segundo os monges locais é muito comum pedidos para romper casos extraconjugais) ou ainda acabar com vícios e doenças. Ao voltar, é só mentalizar os relacionamentos que quer construir. 

Os casais que escolhem visitar o Yasui Konpira-gu saem de lá com a promessa de que viverão juntos e felizes por longos anos.

Ao final escrevemos os desejos num papel e colamos junto a outros milhares que já estão na pedra, o que faz ela ter uma aparência ainda mais curiosa. Nesse vídeo eu mostro melhor como fazer. 


Localização

Como chegar: 

De ônibus, descer na parada Higashiyama Yasui.
Aberto 24 horas 
Entrada gratuita 

4- Macacos coloridos e pendurados 

Localizado muito próximo da Torre de Yasaka, escondido nas ladeiras de paralelepípedos do bairro Higashiyama,  o templo budista Yasaka Koshin-do chama a atenção por suas inúmeras bolinhas de tecido coloridas espalhadas pelo local. Elas são chamadas “kukurizaru” (em japonês, macacos pendurados) e são amarradas ali pelos visitantes que escrevem os mais diversos pedidos nelas.  O templo é dedicado a Shomen Kongo, uma entidade conhecida por ter a habilidade em aliviar dores e doenças. 


De acordo com a antiga lenda de Shomen Kongo, para cada um pedido que queremos realizar precisamos passar por um sacrifício. (Seria aqui uma das origem do famoso ditado “Cada escolha uma renúncia”?).  A crença também diz que escrever nosso desejo numa dessas bolinhas coloridas ajuda a aliviar a ansiedade, uma vez que ele sai da nossa mente e fica no tecido colorido até chegar a hora de ser concretizado. 


Uma das fotos mais tiradas pelos locais, a foto da foto no templo dos macacos coloridos pendurados 


Localização: 390−1 Kinancho, Higashiyama-ward, Kyoto

Como chegar:

 De ônibus, descer na parada Higashiyama Yasui. O santuário mais próximo é o Yasui Konpira-gu, mencionado acima. A partir dele ande mais 500 metros e suba em direção á Torre de Yasaka. 

De trem: as estações Gion-Shijo ficam próximas do templo. E recomendo muito descer em Gion-Shijo e ir andando até o templo, pois no caminho você vai encontrar muitos outros templos, santuários e ruazinhas interessantes para visitar. 

Horário: 9:00 - 17:00

Entrada gratuita


5 - Um santuário para escolher o nome do seu bebê

O santuário de Seimei é dedicado a Abe no Seimei, que acumulava as funções de astrólogo, astrônomo e conselheiro da corte imperial japonesa do Período Heian. Era ele que utilizava as sabedorias do Yin e Yang para fazer mapas astrais, calendários e aconselhamento espiritual sobre a melhor maneira de se lidar com problemas. Abe no Seimei vivei por longos 84 anos livre de doenças graves, o que contribuiu ainda mais para a crença de que ele tinha poderes místicos.


O estabelecimento foi erguido no ano de 1007, dois anos após a morte de Abe no Seimei, pelo imperador Ichijo no antigo local de residência do adivinho. Desde a sua fundação até os dias atuais os monges do santuário são conhecidos por seguir uma tradição iniciada pelo astrólogo homenageado: o de escolher o nome mais apropriado para os bebês locais de acordo com os Cinco Elementos Chineses e o Yin e Yang.  Em 1976 um asteróide foi descoberto e nomeado de 5541 Seimei, em sua homenagem.


Poço em formato de pentagrama, símbolo criado por Abe Seimei para simbolizar os Cinco Elementos Chineses: madeira, fogo, terra, metal e água. E uma constelação desenhada com pedras no chão.


Amuletos a venda no Santuário de Seimei. Segundo a crença, o som dos sinos leva á purificação e traz sorte para quem os carrega. 

Amuleto especial de Tanabata, uma lenda que envolve astronomia e amor. Vendido apenas na época do Festival Tanabata (começo de junho e final de agosto).  Muito requisitado, promete aperfeiçoamento de artistas e realização de desejos. 


O templo ainda é um dos únicos que realizam rituais de proteção e vendem amuletos de sorte para animais de estimação. 

Cachorros e gatos com amuleto de sorte do Santuário Seimei pendurado em suas coleiras


Santuário Seimei - Dedicado á astrologia e astronomia 

Localização: 京都市上京区晴明町806(堀川通一条上ル)

Kyoto, Kamigyo Ward, Seimeicho, 806 Horikawa Dori 

Estação de trem mais próxima: Imadegawa (12 minutos a pé) 

Site (em japonês) www.seimeijinja.jp 

Entrada gratuita 


6- Meditação até a Lua guiada pelo monge 

O templo Chishaku-in, por pertencer ao budismo esotérico, tem suas origens ligadas ao monge Kukai, ilustre fundador desta linha de budismo que tem como a meditação Ajikan como um dos seus fundamentos. Nessa prática você fecha os olhos e vai seguindo as palavras de um monge, que te leva a Lua (moradia do Buda) e te faz voltar enquanto você está sentado numa sala de tatami dentro do templo. Eu pratiquei a meditação algumas vezes nesse templo e é impressionante como saio de lá relaxada e feliz. 

O hall principal, onde um monge te guia até a Lua 



Além da meditação guiada todo dia 12 de cada mês, o templo ainda oferece um jardim de pedras e um jardim enorme com um lago encantador. Sempre antes ou depois da meditação eu aproveitava uma instalação numa das salas: um fone de ouvido com uma trilha sonora criada especialmente para o jardim com lago. 

Entrada: 500 ienes (a meditação custa 500 ienes e não há necessidade de pagar ingresso) 


7- Um bar escondido nos fundos de um templo - Kanga an 

Longe de todo o burburinho do Centro Novo e Centro Antigo de Quioto e de qualquer outra atração da cidade, o local passa facilmente despercebido, principalmente no breu da ruas japonesas á noite, justamente no melhor horário para visitar o templo. 


Um templo dentro de um bairro residencial com uma entrada que me fez passar por ele achando se tratar de mais uma das enormes casas da região


Diversas estátuas de Buda dão as boas-vindas na entrada do Kanga- An 


É a poucos passos do jardim de Budas que encontramos um outro jardim, com um corredor de encher os olhos seguido de um bar secreto.


O corredor incrível de cerejeiras que nos leva ao salão principal, ao lado do bar escondido (acima, na nossa chegada no cair da tarde; abaixo, na saída, já no final de noite) 



Aconchegante e quase sempre vazio com uma boa carta uísques, vinhos e coquetéis. E no máximo alguns amendoins. A entrada no bar custa 1000 ienes e qualquer drink também sai pelo mesmo valor. O bar fecha ás 22h. E como está quase sempre sem ninguém, procure por algum funcionário nos arredores que ele vai destrancar a portinha do bar e te receber muito bem com alguma trilha sonora requintada, como jazz, e te dar o controle do ar condicionado e um sino para ser tocado caso queira chamá-lo para algum pedido do menu. 

Aqui também fica a dica para vegetarianos: o templo também conta com um restaurante vegetariano e vegano que prepara refeições baseadas na alimentação tradicional de monges. Como os ingredientes são frescos e as refeições feitas em número limitado, o local só atende mediante reservas com 3 dias de antecedência. Abre no almoço e no jantar.

Localização: 278 Karasuma Dori, Kuramaguchi Higashi Iru, Kita-Ku, Quioto

Estação mais próxima: Kuramaguchi

Telefone: (075) 256-2480
Entrada de 1000 ienes para o bar, que abre após as 18h. 
O ingresso para andar pelo somente pelo templo, que abre das 9h as 17h, custa 500 ienes.



8- Nenbujitsu ji 

The temple is famous for 1,200 stone statues “rakan”, which represent the disciples of Buddha. Each statues have different facial expressions.Those sculptures were donated in 1981 in honor of the refurbishment of the temple. Most were carved by amateurs, taught by sculptor Kocho Nishimura.

Address:17 Adashino-cho, Sagatoriimoto, Ukyo-ku, Kyoto

Hours: 8:00~17:00

Fee: 500 yen 


9 - A janela da felicidade em formato de coração no meio das plantações de chá 


Este fica um pouco longe da cidade, mas ainda na província de Quioto. Recomendo a visita ao Shoujuin se você tem algum tempo sobrando ou se o seu objetivo é se afastar o máximo possível da vida urbana e estiver procurando um lugar único e muito bonito que respira toda a tradição japonesa. 

Paisagem rural no caminho para o templo 

Ponto de ônibus no meio da estrada para pegar o ônibus especial que me levaria até a base da montanha, na parada mais próxima do Shouju-in. Todos com o formato de coração característico do templo

O acesso é facilitado por carro. É possível utilizar o transporte público, mas se prepare para trocar de trem e ônibus algumas vezes, além de ter de encarar algumas subidas no caminho do ponto de ônibus até a entrada do local. Adianto: a aventura vale a pena cada segundo. 

Chás e biscoitinhos da região são oferecidos logo na entrada


Localizado na pequena vila rural de Ujitawara, interior da província de Kyoto, o templo virou sensação justamente por estar no meio de plantações de chá e por apresentar uma das salas mais lindas que já visitei: a Janela da Felicidade. Apesar do formato de coração, a janela carrega um significado muito mais antigo do que o amor romântico tão associado ao símbolo ♡. É um amuleto incorporado da cultura milenar chinesa que representa proteção contra incêndios e influências negativas. É como se pegássemos a parte de baixo, mais afunilada e percorremos um caminho que vai se alargando até o topo, onde toda a prosperidade e felicidade são encontrados. No templo de Shojuin, a Janela da Felicidade  fica num salão japonês, que quando aberto dá espaço para a vegetação compor o ambiente e mudar a paisagem de acordo com as quatro estações do ano. 

As cores do outono emoldurando a Janela da Felicidade

Janela da Felicidade num dia de primavera refletindo a luz do por do sol 

Mais de 160 obras feitas por diversos artistas em épocas diferentes compõem o teto de uma das salas. A dica é deitar no chão de tatami e ir contemplando com calma cada um deles


Nos meses de verão - de julho a setembro - o templo coloca mais de 2000 sinos de vento no seu pátio. Passear pelo corredor dos sinos, ouvir o som e estar rodeada por plantações de chá é uma experiência incrível. 



Localização:



Como chegar :





10- Celebração de casamento LGBTQIA+ num país nada acostumado com minorias 


O templo Shunkoin não poderia ser mais inovador. Fundado em 1519 em Quioto, uma das cidades mais conservadoras da Ásia, o templo abriu espaço para realizar cerimônias de casamento dessas minorias um tempo depois de passar a oferecer meditação zen para estrangeiros. Em 2010 uma turista espanhola perguntou ao Reverendo Taka Zenryu Kawakami, sumo sacerdote do Shunkoin, se era possível a realização de casamentos no templo. Com a afirmativa de Kawakami, a mulher continuou: O sacerdote logo respondeu: "E qual o problema?"

Reverendo Kawakami guiando meditação zen em inglês no templo Shokuin, em Quioto 

O Reverendo admite que ele, durante a adolescência, era preconceituoso. "Eu não sou gay e ao meu redor não convivia com ninguém que não fosse hétero", revela. Porém, uma temporada de oito anos nos Estados Unidos e um curso de Estudos Religiosos e Psicologia na Universidade Estadual do Arizona abriram sua mente. Ele estava tomando chá com um amigo quando uma pessoa visivelmente gay passou por eles na rua e Kawakami lançou um comentário ofensivo sobre a pessoa. Seu amigo, muito irritado falou: "Eu também sou gay. É dessa forma que você se sente a meu respeito também?" Assim que o sacerdote ouviu as palavras de desconforto do amigo se lembrou de como foi discriminado no Sul dos Estados Unidos por ser asiático. Senti uma vergonha enorme, principalmente porque eu já senti na pele o que é ser vítima de algum tipo de preconceito. Foi nesse momento que percebi o quão errado eu estava. Depois desse episódio que mudou sua mentalidade, vários outros amigos começaram a se abrir para ele dizendo que não eram héteros. 

Pelo fato de o Japão se tratar de um país onde o casamento LGBTQIA+ não é oficializado muito menos oferece direitos iguais a um casamento hétero, a repercussão do caso foi tão imensa que, quatro anos depois, o templo e o Hotel Granvia Kyoto fecharam uma parceria para oferecer pacotes turísticos para casais LGBTQIA+ que desejam ter sua união num templo budista japonês. 

Reverendo Kawakami celebrando a união de duas mulheres no templo Shokuin, em 2012

Kawakami disse também que antes de realizar a primeira cerimônia lésbica em um templo budista japonês, por via das dúvidas, consultou os escritos sagrados do Budismo Mahayana e verificou que não havia nada nos textos que fosse contrário ao casamento LGBTQIA+.  O sacerdote diz que ainda assim não esta imune de receber críticas por sua decisão, mas ela também tem certeza de que sua iniciativa é importante para ajudar a causa LGBTQIA+ e abrir caminho para que haja cada vez mais aceitação por parte da sociedade japonesa.  "Não podemos aceitar que a comunidade LGBTQIA+ seja colocada de lado só porque se trata de um grupo minoritário, explica Kawakami. 

As razões pelas quais a comunidade LGBTQIA+ não é aceita por todos no Japão são diferentes do que no Ocidente.  Kawakami diz que "No Japão não há pressão de grupos religiosos, mas sim uma forte oposição ao que é diferente do que já foi pré-estabelecido, uma pressão para não confrontar o que é considerado normal. No Japão há o senso de que somos todos iguais, ou seja, somos todos héteros. E isso faz com que não seja comum nem fácil viver no Japão se você faz parte de uma comunidade minoritária, como a LBGTQIA+", finaliza. 

O templo também iniciou, em 2013, um serviço de hospedagem em seu complexo para quem deseja ter a experiência de dormir no templo . Detalhes podem ser conferidos neste site.

Detalhes dos quartos da guesthouse que fica dentro dos recintos do templo Shokuin 

Entrada do templo Shokuin, que avisa em seu site oficial: "Somos contra qualquer violação dos direitos humanos. A religião não nos ensina a odiar uns aos outros, mas sim a amar e respeitar uns aos outros." 

Localização: 

42 Myoshinji-cho, Hanazono, Ukyo-ku, Kyoto

Como chegar: 

Trem

 Pegue o trem da linha Sagano na Estacão de Quioto até a Estação Hanazono. O templo estará numa curta distância a pé. Percuso aproximado: 10-15 minutos.

Ônibus 

Pegue o Kyoto City Bus número 26 em frente da Estação de Quioto ou da Estação Shijo Karasuma e desça na parada Myoshinji Kitamon-mae Percurso aproximado: 30-40 minutos.

Ou ainda pegue o ônibus #61, 62 or 63 em frente da estação de Sanjo e desça na pareada Myoshinji-mae. Percurso aproximado: 30-40 minutos.


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